quarta-feira, 8 de junho de 2011

"Queime depois de ler"


Recebí uma informação reveladoramente assustadora um dia desses. Reveladora o suficiente que esclareceu dúvidas que até hoje me afetam, mas que não mudará em nada meu modo de ser. Confuso? Explico.

Imaginem a seguinte situação: o marido em pé, parado ao lado da escada, gritando para a muler "que se não saídem de casa em cinco minutos, perderão a última sessão do filme do Javier Barden com a bonitona da Penélope Cruz". A resposta só podia ser uma: "só mais uns instantes, não acho nada para vestir".

Essa resposta para os ouvidos masculinos soa como algo tão impossível quanto a Bolívia ganhar uma Copa do Mundo. Já para uma mulher, isto significa que precisa reformar o armário com as últimas peças da estação, seja ela qual for.

Dito isso, voltemos ao ponto principal. A tal informação que recebí é extremamente sigilosa, caso contrário há a possibilidade de represálias de proporções inimagináveis. Mas enfim, segundo esta fonte que chamarei de "Coiote", as mulheres se arrumam e se aprumam tanto para ficarem lindas para....AS OUTRAS MULHERES! É exatamente isso o que você ouviu, cara pálida. Não interessa a opinião dos homens sobre como estão se vestindo, e sim das outras mulheres.

Tudo isso veio a se confirmar em uma tarde de sábado. Encontrei uma carta anônima na minha caixa de corrêios com uma letra "c" grafada. Dentro dele uma folha com recortes de revistas formando a seguinte frase: "Ela se veste para deixar o feio belo". Dá pra imaginar a cara de dúvida que fiz na hora que lí isso.

Fiquei uns trÊs dias tentando decifrar aquele enigma. Cansado de tanto pensar, tentei a seorte. Esperei minha mulher chegar em casa, jantamos normalmente, e quando já nos preparávamos para dormir, soltei a famigerada frase.

- Ela se veste para deixar o feio belo!

Nunca tinha visto minha esposa tão pálida! Passaram-se quarenta segundos e nada. Aí comecei a me preocupar e resolví aferir a pressão da dela. Quando, de repente, ela se levanta, vai até a sala, fecha a porta e começa a fazer várias ligações. O que ela falou eu não sei, mas confesso que ouví murmuros dizendo "ele descobriu"...."operação comprometida". O que realmente me assustou foi o "....parecer acidente".

No final das contas acabei pegando no sono. Acordei bem cedo e não havia ninguém em casa. Armários vazios, chão do banheiro molhado, minha camisa do Corinthians autografada pelo Rivellino - relíquia! - jogada no quintal...

Na mesa da cozinha, um bilhete, escrito raivosamente com traços odiosos e leves gotas de sangue nas bordas (estranho eu não ter visto o Tomas, nosso gato) me xingando de todos os palavrões possíveis e inventáveis em uma língua latina. Nada que me deixasse triste, mas o que realmente chateou foi um boneco, muito parecido comigo, por sinal, repleto de agulhas espetadas pelo corpo, principalmente nos olhos e nos países baixos. Ah, o boneco estava dentro do nosso aquário de peixes beta.

O pior ainda estava por vir, acredite. Na porta da garagem e criatura teve a capacidade de pichar "porco maldito e brocha!". Quando lí aquilo, me descontrolei...
Comecei a gritar, chutar, berrar, atirar para o alto (nem sei de onde aquele revólver veio). A polícia foi chamada e fui levado para a delegacia de camburão. Lá o delegado fez várias perguntas e no final das contas me deu razão. Afinal, chamar de "porco maldito" um corinthiano é sacanagem!

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