terça-feira, 17 de maio de 2011

Seletiva


Carla era uma mulher moderna. Tinha uma boa aparência, um belo emprego e um ótimo salário. Mesmo assim nunca conseguiu achar um parceiro que a amasse e, princpalmente, a aturasse.

Sim, porque os próprios amigos de carla a definiam o seu temperamento como "um pouco fora de controle, possessiva, mandona e por vezes até agressiva", mas fora isso era uma ótima companhia.

Foi então - acho que era no outono - que um dos colegas da turma lançou a campanha "um marido para Carlinha". O negócio era sério. Contrataram um programador-estatístico-matemático-e-o-caralho para criar um software que listasse as características principais de carla e os possíveis candidatos do orkut, facebook, twitter em um raio de 500 km.

Depois de três meses de pesquisa, assustadoramente sobraram apenas três perfis que batiam com a personalidade de Carla:


1º Johnny Deep: perfeitamente safadão, mas fora de cogitação por motivos óbvios (ela não gosta de homem de tatuagem)

2º Rick Martin: ...¬¬...

3º Silas Trinteum: quem?


O nome sugestivo gerou uma tremenda curiosidade nos colegas de Carla e resolveram investigar melhor a vida do pretendente.

No perfil eletrônico de Silas, poucos amigos mas muitos, muitos (muitos mesmo!) comentários manhosos de mulheres de todas as marcas. E não é que aquilo instigou ainda mais a Carla e ela começou a conversar com o tal do Silas?!

Marcaram o primeiro encontro em um boliche. um programa bem descontraído - carla queria se mostrar assim. conversaram bastante, ela bebeu choop (até demais) e ele água com gás. No final da noite, ele levou Carla até a porta de casa e foi quando o mistério começou.

A pobre coitada não retornava mais as ligações, parou de trabalhar, os familiares começaram a se preocupar e a polícia chegou a ser acionada. O grupo de amigos, então, resolveu fazer uma busca na casa de Carla. Arrombaram a casa e deram de cara com a amiga semi-deitada no sofá, de pernas para o ar com um saco de gelo bem lá onde voce está pensando.

As amigas se espantaram e acharam aquilo o cúmulo. os amigos ficaram um bom tempo parados olhando aquela cena.

A casa estava uma zona. roupas no chão, sutiãs no abajour, comida (frutas e muito chocolate) na mesa...

Prontamente levaram carla para o quarto - um dos amigos teve a sorte de leva-la no colo quase sem roupa (ela, no caso) -, trancaram a porta e começaram o interrogatório.

Em meio a vários "você fiou louca?", "O que passou na sua cabeça?", "Quem fez isso com você merece morrer", Carla foi seca ao anunciar: Estou grávida! Grávida de Silas Trinteum (Bem assim, parecida com o filme Olga)!

Aquilo foi como uma bomba para as amigas. Mais uma avalanche de perguntas e acusações, agora com a companhia dos amigos homens durou quase 20 minutos. Depois que todos cansaram da lição de moral e sentiram que tinham recolocado o juízo de volta, Carla, mais uma vez seca e direta disse:


(pausa dramática)


- Gente, Trinteum não é um sobrenome. É uma medida.

- Medida do que? - perguntou a colega mais ingênua.


Um leve suspiro feminino e a cara de inveja dos homens deu por encerrado o assunto.