quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Suposições


Edson, a namorada Joice e mais um casal de amigos decidiram jantar em uma dessas grandes redes de fast-foods. Apesar da fila gigantesca – dava a volta no quarteirão, praticamente - que se formara, o atendimento era incrivelmente rápido.

Poucos minutos se passaram e a (única) funcionária que atendia as pessoas na fila chegou até o grupo.


- Boanoite, bemvindoaosuperdogão. Qualéoseupedidosenhor?


“Meu deus, como essas mulher falava rápido!”, pensou Edson.


- Uhm, deixe-me ver...acho que quero...

- Pedindoumdogãocompletoosenhorpodelevarinteiramentegrátisabatatamax,osuperrefr igerantededoislitrosemeioeumbrinde.


Já um pouco assustado, o amigo do outro casal pergunta.


- Quais são os brindes?


Ah, grande erro! Assim que terminou de pronunciar a última palavra, o rapaz percebeu a burrada que tinha cometido e teve que enfrentar os olhares furiosos do grupo. A atendente, então, em uma fração de segundos, disparou uma rajada de opções. Alguns clientes da fila chegaram a ficar com náuseas e o resgate preciso ser acionado.

Ainda não se sabe como, mas a patota conseguiu fazer os pedidos. O jantar prosseguiu normalmente, porém algo incomodava Edson.


- Aquela mulher...
- Que mulher?, perguntou Joice.
- Aquela...
- Ta pensando em outra, é?
- Éééééédsoooon...
- Falo da atendente.
- O que tem ela? (Joice já estava visivelmente impaciente e ainda batendo o pézinhom coisa que Edson odiava.)
- Pare de bater o pé!
- Não mude de assunto, Edson Medeiros!
- To falando que aquela atendente não era normal.

(Neste instante começa a chover forte e a fila fora da lanchonete aumentava cada vez mais)

- Eu também acho, - disse o amigo
- Acho o mesmo, - completou a namorada.
- Ainda acho que você ficou interessado nela e está tentando disfarçar.


Mas Edson ainda insistia na tese de que ela deveria ser de alguma região muito distante do país ou do mundo.


- Japão! Ela deve se do Japão – decretou Edson.
- Nah, ela não tem nem olho puxado. Ela deve ser libanesa – retrucou o amigo.
- Creio eu que ela deve ser da Macedônia! – divagou a namorada.
- Macedônia? – os três em uníssono.
- Sim, Macedônia. Ela deve ser de lá. – dizia isso com a maior tranqüilidade.


Aquele olhar de sabedoria irritou Edson que não agüentou e perguntou.


- Por acaso você já viu algum que nasceu na Macedônia? Por acaso sabe onde este lugar fica? Com que países tem relações amigáveis? Que tipo de produto exporta? Em que lugar está no ranking da FIFA?


O desabafo gerou certo desconforto no grupo. Uma briga generalizada foi inevitável.


- Olha lá como fala com minha mulher!
- Olha VOCÊ como fala comigo!


As pobres namoradas ainda tentaram impedir a discussão.


- Meninos, parem com isso. Vocês são amigos!


Mas já não havia clima para mais nada. Como a chuva já tinha passado, resolveram ir embora todos, cada um em um táxi diferente. Os quatro saíram apressados e só tiveram tempo de ouvir um funcionário da loja de fast-food gritando.


- Oh Nelsinho, traz outra atendente que este ciborg aqui já era.


Nunca mais os casais se falaram.

Um comentário:

stellapaixao disse...

Mas que casais nervosos....isso é que dar ficar de olho na atendente!