São 10h30 quando acordo. Desço os cinco andares pelo elevador enquanto tento disfarçar a cara de sono que ainda persiste. Abro a porta e encontro o porteiro, parrudo e baixo, sentando no seu pequeno retângulo aonde cadeira e uma mesa com TVs mostrando as câmeras de segurança do prédio dividem o pequeno espaço.
Todos o chamam simplesmente de Zé. Deve ter entre uns 30, 40 anos de idade. Talvez por sua simpatia e sua pré-disposição para ajudar quem precise faz com que todos os moradores o conheçam. Geralmente quem reside no prédio chama todos os outros porteiros de “Naldo”, nome do zelador do prédio. É “Naldinho” pra cá, “Naldinho” pra lá, mas não confundem o Zé com ninguém. Ele é único! Singular, diria.
Voltando da padaria reencontro-o parado na porta com sua camisa pólo branca, calça preta com a chave pendurada em um dos passadores do cinto e o sorriso de sempre estampado no rosto, deixando a mostra os dentes e fazendo o dia começar sutilmente mais leve. O Zé é uma daquelas pessoas em que não é necessário saber de onde veio ou qual o sobrenome dele para se ter certeza que é boa gente.
Na hora do almoço faço o mesmo percurso para descer e vejo o Zé no seu quartinho conversando com uma das senhorinhas do prédio - sempre muito atenciosas com ele - chegando ao ponto de, quando cai a noite, avisá-lo pelo interfone de que uma “coisinha” para comer está descendo pelo elevador.
Quando chego - já é bem de noite - é comum encontrá-lo dormindo na porta da frente do prédio ou no seu quartinho, usando a parede como travesseiro e a cadeira como colchão. Ele então, “disfarçadamente”, acorda levantando seu inseparável boné que, levemente inclinado para cima, protege a cabeça, dificultando saber como são os cabelos.
Começa então a puxar o assunto mais geral e falado por todos: futebol. Curioso ouví-lo declarar seu amor pelo Vasco da Gama com um sotaque bem nordestino. Uma troca rápida de informações sobre os times e se amanhã vai chover ou fazer sol e fecho a porta do elevador sem antes esquecer de dizer ”Boa noite” ao nosso tão querido porteiro Zé.
Texto para a Faculdade
Um comentário:
O zé é bacana! =)
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